segunda-feira, abril 16, 2007

Poesia



Criança Desconhecida

Alberto Caiero
Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,

Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos.

Acho-te graça por nunca te ter visto antes,

E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança,

Nem aqui vinhas. Brinca na poeira, brinca!

Aprecio a tua presença só com os olhos.

Vale mais a pena ver uma cousa sempre pela primeira vez que conhecê-la,

Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,

E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar.
O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas. Brinca! pegando numa pedra que te cabe na mão, Sabes que te cabe na mão. Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior? Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta.

Nenhum comentário: